É possível ter esperança e, inclusive, a perspectiva de levar uma vida sem dores, mesmo com um diagnóstico de neuralgia do trigêmeo. A afirmação é do médico neurocirurgião Wellerson Sabat, que atenderá, em breve, Carolina Arruda, de 27 anos. O caso da jovem mineira repercutiu nos últimos dias após ela ter iniciado uma vaquinha com objetivo de arrecadar R$ 150 mil para fazer eutanásia na Suíça. Há 11 anos, ela convive com a doença, tida como a responsável pela ‘pior dor do mundo’. O suicídio assistido é proibido no Brasil.
Ao longo dos últimos anos, Carolina passou por quatro cirurgias, se consultou com 70 médicos e testou mais de 50 medicamentos. No entanto, conforme explica Sabat, ainda há procedimentos a serem testados.
“Ainda existem algumas opções terapêuticas que não foram realizadas para o caso específico da Carol. Um exemplo são técnicas onde são utilizados dispositivos implantáveis com eletrodos posicionados juntos de certas estruturas nervosas que estimulam eletricamente as mesmas. Através dessas técnicas específicas, podemos controlar a dor em um número considerável de pacientes”, diz ele. Conforme o médico, esses tratamentos se diferenciam dos demais porque são direcionados a casos muito específicos e refratários. O neurocirurgião ainda afirma que, quando corretamente indicados, apresentam ótimos resultados para o controle da dor.
Conforme Sabat, deverá ser feita uma revisão minuciosa dos sinais e sintomas atuais da jovem. Ele explica que um exame físico completo é fundamental e que, eventualmente, poderá haver a realização de novos exames complementares para tirar qualquer dúvida sobre o diagnóstico.
Neuralgia do trigêmeo
Conforme informações compartilhadas pelo Hospital Albert Einstein, a neuralgia do trigêmeo provoca uma dor forte na região do rosto, por onde passa o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade tátil, térmica e dolorosa da face. A dor pode ocorrer várias vezes ao dia, com intervalos variados.
No entanto, segundo Sabat, é possível ter uma vida sem dores constantes, mesmo com o diagnóstico. “A grande parte dos pacientes com esse diagnóstico possuem uma boa resposta ao tratamento, o que proporciona uma melhora da qualidade de vida. São raros os casos onde não há resultados satisfatórios apesar do uso de diversos métodos terapêuticos”, diz ele.
O neurocirurgião afirma que Carolina Arruda apresenta um quadro, segundo relatado por ela nas redes sociais, que se caracteriza pela atipicidade, o que faz os profissionais pensarem em quadros mais complexos. Conforme ele, isso traz outras possibilidades de diagnósticos “que poderiam ter uma resposta favorável com técnicas de neuroestimulação de certas estruturas pontuais do sistema nervoso”.