O voluntariado empresarial tem ganhado força no Brasil, com um número crescente de empresas incentivando o engajamento de seus colaboradores em ações voltadas ao meio ambiente e à melhoria da qualidade de vida das comunidades. O Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial (CBVE), que reúne 27 empresas de variados setores, percebe que os programas de voluntariado corporativo têm se integrado cada vez mais às estratégias de ESG, com ações consistentes e iniciativas alinhadas aos objetivos das companhias.
“Programas de Voluntariado Empresarial impulsionam ações estruturadas, que têm cada vez mais se relacionado ao propósito das empresas, contribuindo para potencializar suas estratégias ESG”, explica Ednei Fialho Lopes, porta-voz do CBVE.
Um levantamento realizado pelo CBVE em 2023 revelou que em 50% das empresas, as ações de voluntariado são desenvolvidas pelas áreas de Responsabilidade Social ou Sustentabilidade. Em 2020, esse índice era de 37%. Já na área de Recursos Humanos, a proporção diminuiu de 21% em 2020 para 5,6% em 2022. Outros 22,3% das empresas mantêm seus programas de voluntariado sob a responsabilidade de Fundações ou Institutos.
Segundo os associados do Conselho ouvidos, os principais benefícios de desenvolver esses programas nas empresas incluem gerar ‘orgulho de pertencer’ nos empregados, um melhor clima organizacional e a contribuição para um legado positivo das comunidades locais. Também são citados ganhos reputacionais e de imagem e contribuição para atração e retenção de talentos.
O aumento da robustez desses programas é evidenciado pela criação de equipes dedicadas ao seu desenvolvimento e pela alocação de orçamentos específicos, práticas adotadas por todas as empresas associadas ao Conselho. Nos últimos dois anos, o número de voluntários aumentou 50%, chegando a cerca de 54 mil pessoas, o que equivale a 11% dos empregados das empresas consultadas. Além disso, 77,8% das empresas afirmaram que a alta liderança, incluindo gerentes, diretores e até presidentes, está presente em ações pontuais de voluntariado, enquanto 16,7% relataram uma participação mais intensa desses líderes.
Rede Voluntária Vale se mobilizou para arrecadações para ong Ação Cidadania em solidariedade às vítimas do Rio Grande do Sul
Um exemplo de mobilização solidária foi promovido pela Rede Voluntária Vale (RVV), associada ao CBVE, para apoio às vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul, em maio deste ano. Em menos de 24 horas, o grupo arrecadou R$ 200 mil, com a mineradora doando R$ 10 para cada R$ 1 arrecadado por sua rede de voluntários. O montante de R$ 2,2 milhões foi destinado à ONG Ação Cidadania, parceira da RVV em campanhas como o Natal sem Fome, e convertido em água mineral, alimentos prontos para consumo, cobertores, colchões e itens de higiene e limpeza.
A RVV conecta cerca de oito mil voluntários, entre empregados, fornecedores e familiares. Em 20 anos de atuação, impactou aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. Vinculado à área de Sustentabilidade, o programa desempenha um papel crucial na aproximação da empresa com as comunidades onde opera, promovendo ações de assistência emergencial, doação de sangue, educação, geração de renda e apoio ao fortalecimento de entidades sociais.
Para Geiza Borges, coordenadora de manutenção da Vale em Nova Lima (MG), o voluntariado traz motivação e propósito e ajuda a exercitar empatia, liderança e trabalho em equipe. “Com o voluntariado, aprendi a escutar ativamente para entender as necessidades da comunidade”. Para ela, um dos projetos mais marcantes foi o apoio à instituição “Mães à Obra”, que acolhe mães solo que trabalham em feiras. O grupo visitou a instituição para entender como ajudar e descobriu que elas precisavam de capacitação para embalar produtos. Os voluntários organizaram uma aula com uma nutricionista sobre como acondicionar alimentos para venda, o que ajudou a aumentar a renda dessas mulheres.
“Com o suporte da empresa, os voluntários se sentem protagonistas da transformação das comunidades onde vivem, mobilizando colegas e familiares em torno de causas sociais. Esse comprometimento, aliado ao conhecimento do território, permite um diálogo produtivo com os beneficiados e as organizações locais apoiadas”, comenta Pamella De-Cnop, diretora-executiva da Fundação Vale e gestora da RVV.
Assessoria