Tatiana Santos/radiopontal.com.br
Neste dia 8 de abril é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. E o câncer de esôfago representa 2% de todos os tumores malignos. Mas, apesar de raro, está entre os de crescimento mais rápido. Para falar sobre a doença, nada melhor do que uma profissional da área. A doutora Larissa Vilar, que é oncologista do Centro Oncológico de Itabira (COI) e da Clínica Especializada em Oncologia e Hematologia (NEOH), esclarece as principais dúvidas sobre a enfermidade, seus sintomas, diagnósticos, tratamento e prevenção.
De acordo com a médica, a doença é muito prevalente na população, e muitas vezes, as pessoas só fazem um diagnóstico tardio, por não entenderem bem os sintomas, os fatores que causam. Inúmeras pessoas não sabem o que é o esôfago e sua função. Ele é um órgão do sistema digestivo e sua função básica é levar o alimento da boca até o estômago. O esôfago atravessa o pescoço e toda a região do tórax, terminando na parte superior do abdômen.
Tipos
Quando se fala em câncer de esôfago, há vários sub tipos diferentes da doença, porque acometem regiões diferentes do órgão. Alguns incidem mais próximo à arcada dentária, outros mais na região do estômago. E os dois principais sub tipos são o câncer de células escamosas (Cec) e o adenocarcinoma, que juntos, compõem cerca de 95% dos casos de câncer de esôfago.
É importante saber que a incidência em homens é maior do que em mulheres. “E isso está muito relacionado aos hábitos de vida. E no Brasil, varia muito de acordo com a região. Por exemplo, se a gente for falar da região Sul, tanto homens quanto mulheres, têm mais incidência do câncer de esôfago do que na região Norte. Isso, por causa dos hábitos de vida, como eu já disse antes”, afirma.
Fatores de risco
Dentre os fatores de risco que propiciam essa doença, está o Cec, que é um tipo que geralmente acomete mais o esôfago perto da arcada dentária. O tabagismo lidera como o principal fator de risco, e quando está associado ao álcool, aumenta a chance em 20% a 30% de desenvolver o câncer no órgão. “Além disso, bebidas e alimentos em temperaturas muito altas. Quando eu falo em temperatura alta, eu estou falando de acima de 65 graus, realmente muito alta, o que ocasiona a tilose. O paciente que tem essa tilose tem mais predisposição a desenvolver o câncer de esôfago”, explica.
O adenocarcinoma, que é um tipo de câncer nessa região, geralmente acomete mais a porção quase chegando ao estômago. Os fatores de risco, nesse caso, mudam um pouco. O principal é o refluxo gastroesofágico, que pode desenvolver a metaplasia de Barrett, e o câncer esofágico.
Sintomas
Dra Larissa lembra que, na maioria das vezes, a doença não apresenta nenhum sintoma. “Quando o paciente vai ter sintomas, geralmente está no estágio mais avançado. Nesse estágio mais avançado, o principal sintoma é a desfagia, que é aquela dor na hora de deglutir o alimento. Além disso, a gente tem a perda de peso, porque esse paciente não está conseguindo ingerir os alimentos normalmente”, argumenta. Há também desnutrição, queixa de dor torácica, sensação de aperto no peito quando o alimento passa, rouquidão, tosse. Há ainda a possibilidade de náusea, vômito, sintomas não muito comuns, mas que podem acontecer.
Tratamento
Em relação ao tratamento, isso vai depender do volume de doença. Caso esteja em estágio bem inicial, às vezes pode ser tratada somente com a retirada dela, por endoscopia ou esofagectomia. Agora, se é uma doença num estágio mais avançado, mas não tem metástase, “geralmente, a gente costuma fazer quimioterapia junto com radioterapia, e depois avalia se tem ou não a necessidade de fazer cirurgia”.
As expectativas de cura são positivas, mas dependerá de alguns fatores, como, se estiver em estágio inicial, qual o subtipo daquela doença, se o paciente fuma, bebe etc.
Prevenção
Segundo a médica, a prevenção se dá por meio de bons hábitos, sem cigarro e excesso de bebidas alcoólicas, pratica de atividade física, consumo de alimentos saudáveis. Como diz a especialista, o tradicional “feijão com arroz”, ou seja, os bons hábitos de vida que a maioria das pessoas já têm conhecimento.