BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou uma lei que altera a política de reajuste do salário mínimo. A medida foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) de sexta-feira (27) e tem como objetivo adequar o crescimento do piso salarial do país aos limites definidos pelo novo arcabouço fiscal.
A regra prevê que nos próximos cinco anos, entre 2025 e 2030, o aumento real do mínimo, acima da inflação, ficará limitado a 2,5%.
O governo defende a medida como essencial para a gestão fiscal responsável, buscando garantir a estabilidade econômica e a continuidade de programas sociais, enquanto analistas apontam que é necessário acompanhar os efeitos dessas mudanças no bolso da população nos próximos meses.
O novo piso salarial deve ser publicado nos próximos dias, em decreto a ser editado por Lula até esta terça-feira (31). Interlocutores do governo afirmam que o valor do salário deve ser fixado em R$ 1.518.
Até a sanção da nova regra, na sexta-feira, não havia piso ou teto de reajuste. A política de valorização do mínimo levava em conta a soma da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro, com o índice de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores.
Despesas do arcabouço fiscal deverão ser referência para limite do crescimento do salário mínimo
Pela nova regra, o reajuste do piso salarial do Brasil continuará a seguir a soma da variação da inflação e do PIB, mas ficará limitado aos cálculos de crescimento de despesas do arcabouço fiscal.
A regra de gastos do governo permite que as despesas cresçam, acima da inflação, entre 0,6% e 2,5%. O reajuste real do salário mínimo não poderá, portanto, ser inferior a 0,6% ou superior a 2,5%. O novo teto de crescimento do piso salarial faz parte do pacote de medidas apresentado pelo Ministério da Fazenda para equilibrar as contas públicas.
O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional às vésperas do recesso de deputados e senadores, em dezembro.
Segundo projeção do Ministério da Fazenda, o teto de crescimento do salário mínimo deve levar a uma economia de até R$ 15,3 bilhões nos próximos anos.
A redução nos gastos é esperada porque uma série de benefícios sociais e previdenciários são vinculados ao salário mínimo — ou seja, são reajustados com base no piso definido anualmente.
De acordo com cálculos do governo, cada R$ 1 de aumento do salário mínimo cria uma despesa de aproximadamente R$ 392 milhões.
Salário mínimo em 2025
A previsão é de que até esta terça-feira (31), último dia do ano, o presidente Lula edite um decreto com o novo valor do salário mínimo, valendo a partir de janeiro, com pagamento para o mês seguinte.
Interlocutores do Palácio do Planalto preveem que o mínimo deverá subir dos atuais R$ 1.412 para R$ 1.518 em 2025. Se confirmado, o reajuste será de R$ 106, um aumento de 7,5%, percentual acima da inflação.
A projeção já considera a nova fórmula sancionada por Lula na sexta-feira e deve reduzir em R$ 10 o valor do salário mínimo estimado pela regra anterior.
Se fosse mantido o critério anterior, sem o teto de 2,5%, o salário mínimo subiria para R$ 1.528, levando-se em conta o INPC de 4,84% e os 3,2% referentes à variação do PIB de dois anos antes.
Com a nova fórmula, a correção para 2025 vai considerar a inflação do INPC (4,84%) e o crescimento do PIB (3,2%). Mas será enquadrada no teto de 2,5%, em vez dos 3,2% (variação do PIB) que seriam usados pela regra anterior. Logo, o reajuste ficará menor do que o previsto antes da aprovação do corte de gastos.
O Tempo