O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (16) o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. O petista declarou que o país vizinho vive um regime “muito desagradável”, mas que não chega a ser uma ditadura. A Venezuela enfrenta um impasse político em torno das últimas eleições, em 28 de julho. Parte da comunidade internacional não reconhece a reeleição de Maduro e a oposição ao chavista, representada nas urnas pelo candidato Edmundo González, diz que venceu o pleito. Por enquanto, o Brasil não endossa nem refuta a vitória do atual presidente venezuelano.
“Não acho que é uma ditadura, é diferente de uma ditadura. É um governo com viés autoritário, mas não é uma ditadura como a gente conhece tantas nesse mundo”, afirmou Lula em entrevista a uma rádio do Rio Grande do Sul.
O presidente também declarou não concordar com a nota do PT que reconheceu a vitória de Maduro. O documento do partido foi publicado no dia seguinte às eleições venezuelanas e destacou o caráter “pacífico, democrático e soberano” do pleito.
“Eu não concordo com a nota, eu não penso igual à nota, mas eu não sou da direção do PT”, acrescentou, ao afirmar que “o problema da Venezuela será resolvido pela Venezuela.”
O presidente declarou, ainda, que o PT “não é obrigado a fazer o que governo quer nem o governo é obrigado a fazer o que o partido quer.” “Eu digo sempre à minha presidente Gleisi Hoffmann: ‘O dia que você tiver que criticar o governo pode criticar, não tem nenhum problema, porque o dia que eu tiver que fazer as coisas também não vou perguntar se o partido vai gostar, eu vou fazer se for necessário”, completou.
Lula voltou a cobrar a divulgação das atas eleitorais, com os dados completos das urnas. As autoridades venezuelanas ainda não apresentaram as informações. “Teve uma eleição. A oposição fala ‘eu ganhei’, o Maduro fala ‘eu ganhei’. O que eu to pedindo para poder reconhecer, eu quero pelo menos saber se foi verdade os números. Cadê a ata, a aferição das urnas?”, questionou.
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão venezuelano responsável pelo pleito, proclamou a reeleição de Maduro no dia seguinte à votação. No entanto, como as autoridades da Venezuela não apresentaram as atas das eleições, o resultado não é aceito por parte da comunidade internacional nem pela oposição ao chavista.
Não há consenso na América Latina sobre as eleições venezuelanas. Há, no continente, ao menos três opiniões — algumas nações já aceitaram a suposta reeleição de Maduro, como Bolívia e Cuba; outras já negaram, como Argentina, Chile, Paraguai e Peru; e ainda há um terceiro grupo, que não nega nem aceita a vitória do chavista, como Brasil, Colômbia e México.
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