O dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi do Palmares, ficou simbolicamente marcada como o da luta contra a discriminação racial. Em Itabira, as ações pela igualdade racial são constantes e várias conquistas podem ser celebradas. A cidade hoje integra o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e caminha para ter o próprio Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Plampir), compromisso que está, inclusive, inserido no Plano de Metas da atual gestão municipal.Desde 2021, a Prefeitura atuou para reestruturar o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial e criou um fundo específico para financiamento de ações antirracistas na cidade.
Também foi sancionada e colocada em prática a lei que estipula reserva de vagas para pretos e pardos em concursos e processos seletivos no município. Além disso, com supervisão e consultoria do jornalista e escritor Tom Farias, a Prefeitura estrutura uma ampla plataforma para fortalecer e consolidar a Itabira quilombola e antirracista.
“Há um simbolismo grande, uma razão que nos leva a pensar no dia 20 de novembro como marco histórico da ressignificação do povo brasileiro – aliás, primeiro feriado nacional em homenagem à memória do líder quilombola Zumbi dos Palmares, assassinado na Serra da Barriga, no ano de 1695. A data é importante para o movimento negro brasileiro, para negros e negras de ontem e de hoje, é o resultado de muita luta, de conquistas e derrotas e do derramamento de suor e sangue. O Zumbi dos Palmares que tombou há 329 anos carrega na nossa memória o significado da história que hoje, os negros e negras itabiranos, têm do que se orgulhar e, nesse sentido, o encorajamento de olhar para a frente em busca de melhores horizontes de vida e esperança”, diz Tom Farias.A diretora de Promoção da Igualdade Racial, ligada à Secretaria Municipal de Governo, Nyara Martins Crispim, está feliz com os avanços e garante que muitas ações ainda estão por vir. “A Promoção da Igualdade Racial faz parte de quem eu sou. Nós, pessoas pretas que têm consciência racial, mais que lutamos pela consciência negra, nós vivemos por isso. O propósito dessa gestão é fortalecer de maneira consistente as políticas de promoção da igualdade racial no município. Já avançamos muito. Antes tínhamos um orçamento pífio, mas que foi quadruplicado ao logo nos primeiros anos. E ainda tivemos o apoio das outras secretarias do governo, que engajaram nesse projeto. Acredito que estamos no caminho certo. O próximo desafio lançado e que virou bandeira da gestão é abrir as portas para uma cidade antirracista, seguimos nesse projeto”, afirmou Nyara.
Mais ações As atividades no município em prol da igualdade racial não param. O ano de 2024 foi instituído como o ano do centenário de Dona Tita. A centenária representante do Quilombo de Santo Antônio, Maria Gregório Ventura, mais conhecida como dona Tita, também foi homenageada na 4ª edição do Flitabira – Festival Literário Internacional de Itabira, evento realizado entre os dias 31 de outubro e 3 de novembro. Durante o festival foi exibido o documentário “Tita – 100 anos de luta e fé”. O curta mergulha na história de Dona Tita, destacando a sua luta contra o racismo estrutural e a importância da sua contribuição para a preservação das tradições quilombolas.
A Prefeitura de Itabira apoiou as três edições do projeto Fala Quilombo. O encontro reúne comunidades negras e quilombolas da bacia do Rio Doce. Com a realização de oficinas, mesas redondas, exposição e muita troca de experiência o evento é uma oportunidade de organizar pautas para reivindicações junto a instituições governamentais e não governamentais. Em 2024 o evento foi realizado no período de 24 a 26 de maio, com muita música, debate e cultura o evento foi marcado pela valorização das manifestações afro mineiras.
Ainda, durante o festival Fala Quilombo de 2024 foi aberta a exposição de longa duração – Fala Quilombo: Uma palavra que tem história, no Museu de Itabira. A exposição apresenta o pensamento de importantes pesquisadores e ativistas negros; conta com objetos variados vindos de diversas comunidades e que nos mostra um pouco sobre o fazer e o viver cotidiano dentro desses territórios ancestrais. A mostra pode ser visitada a partir de quarta-feira, de 9h às 17h em dias úteis, e de 10h às 16h nos sábados, domingos e feriados.