O Ministério Público de São Paulo (MPSP) investiga ameaças contra o pastor mirim Miguel Oliveira, adolescente de 15 anos que se autodenomina “profeta”. A investigação foi iniciada após os pais do jovem registrarem queixa formal na Polícia Civil do Estado. O órgão expediu ofícios para coletar informações detalhadas sobre a situação do adolescente.
Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, Miguel Oliveira teria enfrentado hostilidade crescente nas redes sociais pela atuação em cultos religiosos pelo país, com gravações de pregações viralizando nas redes sociais. O Conselho Tutelar teria, inclusive, proibido o adolescente de realizar pregações em igrejas por tempo indeterminado.
Em um vídeo que circula nas plataformas digitais, Miguel aparece em uma pregação declarando: “Eu rasgo o câncer, eu filtro o seu sangue e eu curo a leucemia”, enquanto rasga folhas de papel diante de uma fiel. Um usuário criticou a atitude: “Pede exame de leucemia e rasga. Diz que está curando. Isso é crime. Isso é brabo demais. E tem gente que acredita nisso, larga o tratamento e morre”.
A assessoria do pastor esclareceu que os papéis rasgados não eram laudos médicos reais. “Ele nenhum momento rasgou laudo. Ele escreveu em três papéis, três problemas de saúde que ela [a fiel] poderia ter, que Deus tava curando. Ele escreveu o nome das doenças e rasgou”, explicou a equipe ao portal Metrópoles.
Outro ponto controverso é o método utilizado por Miguel para solicitar doações. Durante trecho de outra celebração, ele pediu: “Quero agora quatro pessoas aqui no altar para doar R$ 1 mil. A velocidade com que você vem é a velocidade com que o milagre [na sua vida] será realizado”. O pastor mirim já chegou a afirmar que pode pedir até R$ 10 mil aos fiéis.
Segundo sua assessoria, todos os valores arrecadados são destinados às igrejas que o convidam. “Todos os valores vão para a igreja que o convida. Ele ajuda a igreja e o pastor dessa forma. Mas ele não recebe nenhum pix de ninguém na conta dele. Vai para a igreja, para ajudar na obra dentro das igrejas”, afirmou a equipe.
As críticas nas redes sociais também teriam evoluído para supostas ameaças: “Ele precisa é de um susto, mas tem alguém por trás dele. Todos precisam de uma lição, inclusive quem está apoiando e seguindo ele”. Outro comentou: “Esse pequeno moleque está mais para capeta em forma de gente. Pior que ainda tem gente que acredita. Alguém tem que parar esse moleque o mais rápido possível”.
A assessoria do adolescente classificou as ameaças como “absurdas” e explicou a decisão da família de protegê-lo. “Ele é menor, e os pais não querem mais falar com nenhuma mídia, pois as ameaças estão absurdas. Xingamentos e coisas absurdas. Já foram na delegacia, e nada acontece. Então, eles acharam melhor não responder e não aparecer mais”, declarou uma profissional da equipe.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Ministério Público tem a responsabilidade de investigar qualquer tipo de ameaça contra menores de idade, independentemente da origem.
Quem é Miguel Oliveira
Natural de Carapicuíba, interior paulista, Miguel está vinculado à igreja Assembleia de Deus Avivamento Profético. Ele afirma que sua “missão” teve início quando tinha apenas 3 anos, após uma suposta cura de surdez e mudez. Atualmente, participa de eventos religiosos em diferentes regiões do país.
As alegações sobre o histórico médico do adolescente têm gerado questionamentos. Um internauta comentou: “Ele viralizou na internet dizendo que nasceu sem os tímpanos e as cordas vocais. Quando questionado sobre os laudos médicos, disse que os perdeu durante uma mudança porque morava de aluguel, sendo que bastaria pedir a segunda via no hospital ou falar com seu pediatra. Ele é novo, e todo o sistema de saúde já era informatizado há 15 anos”.
