Tatiana Santos/radiopontal.com.br
Empreendedorismo, inovação, sustentabilidade e gestão pública participativa. Esses são conceitos primordiais que descrevem o CITInova, projeto criado em 2019, fruto de uma parceria entre o campus itabirano da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Prefeitura Municipal e Fundação de Pesquisa e Assessoramento à Indústria (Fupai). Resumindo, é um programa focado em levar transformação à Itabira por meio de ações que convergem em benefício da comunidade.
Coordenadora do CITInova e professora da Unifei, a doutora Giselle Queiroz explica que o programa se confunde com o avanço da própria criação da universidade federal no município. Segundo ela, o campus itabirano já completou 16 anos, e o grande desafio ao longo do tempo sempre foi fazer a comunidade local conhecer a Unifei e ter perspectiva de estudar na universidade. Giselle mora há 15 anos na cidade e tem três filhos nascidos na terra de Carlos Drummond.
“Eu acho que ao longo dos anos a gente tem evoluído nesse sentido e o programa CITInova Itabira é um exemplo que com certeza vai ser replicado”, declara, afirmando que já existem alinhamentos com outras instituições, como a Unifuncesi, para que se amplie todas as boas práticas do programa, gerando proximidade com na população local, desenvolvendo atividades para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Impacto positivo
Tendo como referência o Programa Cidades Sustentáveis (PCS), o CITInova Itabira foi iniciado a partir do momento em que o governo municipal procurava lideranças da cidade, pesquisadores, diversas pessoas que estivessem desenvolvendo projetos em Itabira para ajudar a fortalecer projetos potencializadores do desenvolvimento local. Com atuação nas áreas da educação, saúde, cultura, esporte, até o momento, já foram impactadas com o projeto aproximadamente 20 mil pessoas na comunidade. No âmbito da educação, o foco é criar duas incubadoras, que vão constituir a base do Parque Científico Tecnológico de Itabira.
“Muito se fala em inovação, em Parque Científico Tecnológico, mas é muito importante que tudo isso tenha um impacto sobre a população, que realmente isso faça sentido para a população de Itabira”, avalia Giselle, que acrescenta: “Então, o nosso grande objetivo também é demonstrar que a inovação é feita para as pessoas, ela tem objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, gerando renda. Não é aquela impressão de que é algo inatingível, que somente os grandes pesquisadores, que têm mestrado, doutorado, podem desenvolver”, ressalta.
Nesse ciclo do CITInova, equipes estão mapeando em conjunto com a Interassociação de Bairros todos os bairros de Itabira, selecionando 12 bairros prioritários para implantar núcleos de inovação. O programa já teve investimentos da ordem de R$ 11 milhões nesse primeiro ciclo, por meio de convênio entre o governo municipal e o federal através da Unifei, em especial na qualificação das pessoas e no desenvolvimento dessas atividades com a comunidade.
Estudantes engajados
Dentro do projeto, também fazem parte aproximadamente 30 alunos bolsistas, que ajudam a desenvolver os trabalhos, levantando informações numa atuação direta com a comunidade. “Então, os nossos alunos desenvolvem essas ações que são caracterizadas como pesquisa, desenvolvimento e inovação, mas que na prática, são extensão, porque elas estão aí em contato direto com a comunidade”, explica.
Quando o programa teve início, os trabalhos aconteciam na Unifei, mas como diz Giselle, o projeto ‘pulou os muros’ da universidade e todos os desenvolvimentos e atividades serão nos bairros, para se conhecer a real necessidade, a prioridade da população, sendo uma atuação mais efetiva. Isso, numa parceria com a Casa da Cidadania, conselhos municipais. A coordenadora exemplifica: “Uma coisa muito bacana que a gente já viu, é que a gente pode mapear Itabira pelas suas vocações e fortalecer isso. Então, a gente vai perceber que determinadas regiões têm um poder de turismo gastronômico maravilhoso, outro histórico, cultural. E cada uma, dentro ali, alguns bairros que envolvem a questão da moda em si, que eu tenho uma concentração de costureiras”.
Além disso, Giselle aponta que durante os trabalhos, percebeu-se que Itabira tem inúmeras potencialidades para além da atividade minerária, o que pode gerar a tão sonhada diversificação econômica, que é um anseio de Itabira há muitas décadas.